Do site do Instituto Penido Burnier
Vícios de refração são os mais prevalentes. Catarata e doenças sistêmicas que interferem na visão respondem por 20% das consultas
A tecnologia 3D está se tornando uma aliada da saúde ocular no Brasil. A experiência de não enxergar os efeitos no cinema, na TV ou mesmo nos videogames, tablets e smartphones está ampliando o diagnóstico de problemas na visão e até de doenças sistêmicas que interferem na saúde ocular.
No Brasil, a falta de óculos de grau é o maior obstáculo da visualização 3D entre crianças e adolescentes. Atrapalha 7 em cada 10 que buscam por consulta depois de uma frustração para enxergar 3D. É o que mostra um levantamento feito pelo oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto, com 185 pacientes, sendo 148 com idade entre 8 e 14 anos e 37 com mais de 55.
“A maioria das pessoas não percebe os vícios de refração – miopia, hipermetropia ou astigmatismo – logo no início. Mas o 3D não funciona para quem tem qualquer limite na visão e isso não dá para passar despercebido, mesmo entre crianças”, afirma o médico.
A dificuldade para enxergar em 3D acontece porque a tecnologia apresenta imagens diferentes para cada olho que são projetadas à frente e atrás da tela, para serem fundidas pelo cérebro. Esta fusão só é perfeita quando a visão nos dois olhos é clara. Por exemplo, explica, uma pessoa míope tem o foco mais próximo do olho. Por isso, não vai conseguir enxergar o que for projetado atrás da tela sem lentes corretivas.
Bloqueio causa cegueira infantil
Queiroz Neto conta que das crianças que participaram do estudo 6% não conseguiram enxergar 3D porque tinham ambliopia ou olho preguiçoso. Ele diz que a doença é decorrente de estrabismo não tratado ou diferença de grau entre os olhos maior que 2,5 graus, conhecida como anisometropia. O tratamento é feito com a oclusão do olho de melhor visão para estimular o outro. Em casos de estrabismo, destaca, no tratamento inclui exercícios ortópticos.
Tanto a terapia para olho preguiçoso como para estrabismo só têm efeito quando realizadas antes dos 8 anos, idade em que o olho completa o desenvolvimento. Depois disso, o bloqueio provoca cegueira funcional no olho de menor visão que deixou de ser estimulado. O médico chama a atenção para o estrabismo latente que só aparece em situações de esforço visual. A dica para os pais é observar se a criança tomba o pescoço para um lado. Isso pode sinalizar o estrabismo latente ou olho preguiçoso. O gesto mais comum dos míopes é aproximar o rosto do caderno e dos hipermétropes esticar o braço para ler. Crianças que esfregam ou coçam com frequência os olhos também indicam problemas.
Alterações em adultos
O especialista diz que dos 37 adultos que buscaram consulta após frustração no cinema 3D, 62% reclamaram de visão dupla que foi causada por hipertensão arterial e diabetes. O início de catarata respondeu pela incapacidade de enxergar 3D nos outros 38%. O médico destaca que outras doenças que podem dificultar a visão 3D entre adultos são o glaucoma e as retinopatias.
Como evitar o cansaço visual
Mesmo pessoas saudáveis podem sentir fadiga visual e dor de cabeça nas exibições 3D, comenta Queiroz Neto. Para diminuir a fadiga as dicas do médico são:
· TVs ativas cansam mais os olhos do que as passivas;
· Quanto maior a tela da TV maior deve ser a distância de visualização;
· Concentre o foco no ponto principal da imagem;
· Nos cinemas, evite as poltronas próximas à tela;
· Ocupe uma posição central em relação às salas de cinema;
· Feche um dos olhos para relaxar caso sinta fadiga visual;
· Quem tem dor de cabeça prolongada ou não consegue enxergar 3D deve passar por consulta com um oftalmologista.
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