Do portal: diarioweb.com
A celulite orbitária, embora pouco conhecida, pode se tornar muito grave quando não tratada. A doença é uma infecção nos tecidos ao redor dos olhos e, apesar do nome, não tem relação alguma com a celulite que todos conhecem. A celulite orbitária é considerada uma emergência oftalmológica.
O doutor em oftalmologia Luiz Antonio Vieira, professor colaborador do setor de Doenças Externas e Córneas do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que a celulite orbitária é uma doença que pode acometer crianças e adultos. “A doença pode se tornar grave. A celulite orbitária é uma infecção na superfície do olho, vai avançando e, através dos vasos sanguíneos, essa infecção pode comprometer estruturas mais profundas”, explica.
Sergio Grecca, especialista em órbita ocular, membro do corpo clínico do Centro Oftalmológico D’Olhos, de Rio Preto, explica que a celulite orbitária tem diferentes causas. A mais comum é a sinusite, mas um trauma ocular ou até uma espinha mexida sem higiene adequada pode levar a bactéria para esse tecido e causar a celulite. “Até uma gripe mais agressiva está entre as causas possíveis de uma celulite orbitária”, afirma.
O especialista diz que os microorganismos mais comuns relacionados à celulite são: Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes, Hemophilus influenzae e anaeróbios, sendo o primeiro o mais frequente. Quando a doença não é tratada, Grecca explica que a celulite orbitária tem consequências severas. “Pode levar à perda da visão e até mesmo à meningite e septicemia, pela possível expansão ao sistema nervoso central. Os casos que evoluem para perda visual ou para um abscesso cerebral com indicação de intervenção cirúrgica neurológica mostram-se raros, porque o portador de celulite orbitária não consegue conviver normalmente com seus sintomas”, diz o oftalmologista.
De acordo com Grecca, o diagnóstico é predominantemente clínico. Mas também são solicitados hemograma e um exame de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, pois podem indicar a presença e a extensão exata do quadro infeccioso provocado pelo celulite orbitária.
O cirurgião oftalmologista Renato Neves, mestre e doutor em oftalmologia pela Unifesp e diretor do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, diz que o diagnóstico precoce e o tratamento imediato são fundamentais para preservar a saúde do paciente. “O inchaço da pálpebra, chegando até a impossibilitar o paciente de permanecer com o olho aberto, sinaliza um quadro a ser investigado.
Tratamento
O médico Renato Neves afirma que o tratamento consiste na administração intravenosa de antibióticos. “A internação hospitalar do paciente é recomendada na maioria dos casos, já que contribui para sua recuperação”, diz. Segundo Sérgio Grecca, há casos de celulite orbitária em que é necessário drenagem cirúrgica. Esse tratamento é feito entre 7 a 14 dias. Para Neves, a falta de informação pode comprometer o resultado do tratamento. “Desconhecendo a doença e sua gravidade, é muito comum as pessoas demorarem demais para recorrer a um médico. Isso acaba comprometendo, algumas vezes, o tratamento e a recuperação do paciente”, alerta o oftalmologista.
Crianças e prevenção
Todas as pessoas estão sujeitas a ter celulite orbitária, inclusive crianças. Um levantamento da Sociedade Portuguesa de Pediatria apontou que, em 70% dos casos, as crianças são as mais atingidas. O oftalmologista Luiz Antonio Vieira diz que a principal causa da doença em crianças é a sinusite. E de acordo com Renato Neves, é comum a celulite orbitária evoluir para meningite. Sergio Grecca, especialista em órbita ocular, explica que não se deve negligenciar uma gripe ou sinusite, e sim fazer o tratamento adequado para evitar as possíveis complicações. “No caso de lesões cutâneas, como espinhas, também não devemos cutucá-las, ou espremê-las, principalmente pela falta de higiene das mãos. Assim como nos traumas faciais e orbitários, lavar bem com água corrente e sabão e, no caso de ferimento sujo, entrar com antibiótico imediatamente”, afirma. Outra forma de prevenção, segundo o oftalmologista Renato Neves, é estar sempre em dia com as vacinas.
Comments