Boa parte das causas da cegueira infantil e do comprometimento da visão pode ser evitada através da realização da triagem visual, quando o bebê ainda está na maternidade Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 500 mil crianças ficam cegas, anualmente, em todo o mundo. Contudo, a maior parte, pelo menos 60%, das causas de cegueira e grave comprometimento visual infantil pode ser prevenida ou tratada. Para isso, basta que se faça a triagem visual dos recém-nascidos, método que identifica anormalidades oculares que podem ser tratadas imediatamente, e que se conheçam as doenças oculares mais comuns de cada localidade. É o que mostra artigo publicado por pesquisadores da fundação Altino Ventura da revista Arquivos Brasileiros de Oftalmologia.
Segundo eles, “a cegueira infantil é um problema de saúde pública importante”. Contudo, afirmam que, no Brasil, são poucas as publicações existentes que dizem respeito às doenças oculares mais prevalentes. Dessa forma, explicam que o estudo buscou obter dados a respeito dos acometimentos visuais em recém-nascidos, no período de fevereiro a outubro de 2000, através do exame da visão dos bebês de três maternidades públicas de referência do estado de Pernambuco: Maternidade do Hospital Barão de Lucena (MHBL), Maternidade do Hospital Agamenon Magalhães (MHAM) e Maternidade da Encruzilhada (CISAM).
Os pesquisadores afirmam que o projeto contou com a participação de uma equipe multidisciplinar de 37 profissionais devidamente treinados. Foi feita a triagem visual dos recém-nascidos e selecionaram-se aqueles que apresentaram alguma doença ocular ou fatores de risco (alguma chance de vir a ter a doença) para o seu desenvolvimento como, por exemplo, antecedentes maternos de doenças infecciosas na gestação, baixo peso ao nascer e prematuridade.
De acordo com a equipe, dos 3.280 casos triados, 325 apresentavam fatores de risco para a retinopatia da prematuridade, doença degenerativa não-inflamatória da retina, e 255 estavam com hemorragia retiniana, que pode ser provocada, entre outros, por trauma no parto, distúrbios na coagulação sangüínea e utilização de vitamina E no período neonatal. A doença externa ocular mais comum foi a conjuntivite neonatal enquanto a catarata congênita foi detectada apenas em cinco olhos.
A equipe alerta para importância de ser feita orientação, aos pais e pediatras, de forma mais agressiva, quanto à necessidade de se detectar a doença ocular quando o bebê ainda está na maternidade, no intuito de se evitar casos de cegueira irreversível. E acrescenta que estudos como esse possibilitam uma avaliação ampla sobre a situação da saúde ocular em determinada região, “viabilizando uma melhor estratégia para o planejamento de programas e ações futuras, focalizadas nos recém-nascidos com maiores fatores de risco, atingindo nível de projetos mais organizados, regidos pela demanda”.
Do site Portal da Retina
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