Do site: www.portaldaoftalmologia.com.br
No solstício de verão é muito comum pessoas apresentarem olhos vermelhos, lacrimejamento, fotofobia, blefaroespasmo (pálpebras apertando) e sensação de corpo estranho, 6 a 12 horas após a exposição solar ou de forma cumulativa, à medida que os olhos ficam expostos ao sol ou ao reflexo do mesmo, presente na areia das praias ou das dunas, no mar, no céu. Estes sintomas de ceratite actínica ou fotoceratite desaparecem em 48 horas mas podem recidivar após novas exposições aos raios ultra violeta (UV).
O espectro luminoso visível abrange raios com o comprimento de onda de 400 (violeta) a 760 (vermelho) nanômetros (nm). Os raios UV, não visíveis, apresentam comprimento de onda menor, que varia de 100 a 400 nm. Os raios UV, baseados em seu efeito biológico, são subdivididos em UVA (400 a 320 nm), UVB (320 a 290 nm), UVC (290 a 100 nm). Embora sejam apenas 5% da energia solar, é a sua porção mais perigosa, sendo os maiores responsáveis por esta queimadura ocular.
Os raios UVC, germicidas e causadores de câncer de pele, são totalmente filtrados na estratosfera, estando presentes de forma artificial no nosso meio (solda elétrica, luz UV para esterilizar equipamentos). A luz UVB também é filtrada pela atmosfera, em 70 a 90%. Raios UV são refletidos pelo solo, variando de 1 a 5% (grama), 3 a 13% (água), 7 a 18% (concreto e areia), 88% (neve). O pico máximo de incidência de raios UV A e UV B ocorre quando o sol se aproxima do zênite (a pino). Da mesma forma, devido ao ângulo de inclinação da terra, há um aumento na incidência dos raios UV durante o verão.
Anatomicamente existe proteção natural aos olhos, pelo fato do olhar ser na horizontal, evitando grande parte dos raios refletidos do solo, além dos cílios, pálpebras, sombrancelhas, nariz, bochechas. A porção nasal dos olhos fica mais exposta à luz refletida do nariz. Os olhos ficam expostos a 7 a 17% da dos níveis de raios UV do ambiente. Grande parte destes é filtrada pela córnea (filtra UVB e UVC, com pico de absorção de 270 nm) e pelo cristalino (UVB e com a idade, UVA e parte da luz visível), sendo que apenas 2% destes raios alcançam a retina.
Outras fontes apontam para a seguinte exposição aos raios UV ambientes: 72% sem proteção; 47% com chapéu; 17% com óculos escuros; 8% com óculos escuros e chapéu; 4% dentro de casa.
Efeito da Radiação Ultra Violeta nos Tecidos Oculares
Os mecanismos de fototoxicidade dos raios UV incluem reações oxidativas, que levam à desnaturação de proteínas e à formação de radicais livres.
Córnea e conjuntiva: assim como a pele apresenta queimadura de primeiro grau, os olhos apresentam sintomas 6 horas após a exposição solar. Há um desprendimento de células do epitélio corneano, levando à fotoceratite, com recuperação rápida (1 a 2 dias de afastamento da luz solar). A exposição crônica pode causar pingüécula, e pterígeo, que são elevações amareladas da conjuntiva, sendo que o segundo apresenta uma invasão sobre a córnea. Pode haver também degeneração do estroma corneano, chamada de ceratopatia climática. Embora raras, lesões melanocíticas da conjuntiva têm relação com os raios UV, podendo evoluir para tumores malignos – melanoma, assim como na pele.
Cristalino: catarata tipo cortical e subcapsular posterior. Retina: lesões agudas ocorrem nas retinopatias solares, por eclipse, ou por acidentes com instrumentos de observação, como telescópios. Ainda não foi comprovada a degeneração macular relacionada à idade com a exposição à luz solar, talvez devido à eficácia do cristalino e da córnea filtrando os raios UV
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