Poucas pessoas sabem, mas alguns medicamentos podem antecipar o aparecimento da catarata, doença responsável pela opacificação do cristalino. Uma menor percepção das cores e uma visão embaçada são alguns dos sintomas. Curável e tratada com intervenção cirúrgica, ela causa desde pequenas distorções visuais até a cegueira. A catarata pode ser congênita (de nascença), secundária (resultante de fatores variados) ou senil (consequência de alterações relacionadas à idade). “Na maioria das vezes, a doença se manifesta em ambos os sexos, por volta dos 65 anos. No entanto, substancias podem favorecer o surgimento, como é o caso do corticoide”, explica o oftalmologista João de Barros Lima, do Instituto de Olhos Clovis Paiva, que funciona no bairro da Boa Vista, no centro do Recife.
Segundo um estudo realizado pela Universidade de British Columbia (Canadá), o uso do corticoide pode aumentar em 15% o risco de desenvolver catarata, resultado de efeitos colaterais. O remédio é recomendado no tratamento de várias doenças (artrite, asma, alergias etc). “Ele é um anti-inflamatório potente e utilizado normalmente na forma oral e nasal, mas também pode ser encontrado como colírio no tratamento de uveítes, conjuntivites e pós-operatórios”, afirma o especialista.
De acordo com o Barros Lima, o uso irregular dos colírios pode acarretar problemas graves: “Colírios anti-inflamatórios hormonais (com corticoide), se usados por tempo prolongado, podem provocar o surgimento da catarata”. Ainda segundo pesquisas da Universidade da British Columbia, o uso de antidepressivos também aumenta do risco de desenvolver a doença. “Isso ocorre porque eles aumentam a quantidade de serotonina no cérebro e a lente dos olhos tem receptores de serotonina, o que pode deixar os olhos mais opacos e levar à catarata”, completa.
Estudos da Agência Reguladora de Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) revelam que remédios contra acne antecipam a catarata. Isso ocorre porque a substância isotretinoia, encontrada em alguns medicamentos, aumenta a absorção da radiação ultravioleta (UV) pelo cristalino. “Caso o paciente apresente alguma doença crônica, como depressão e hipertensão arterial, ele não precisa ter medo de tomar os remédios prescritos pelo médico. Apenas é preciso fazer o acompanhamento oftalmológico para acompanhar os efeitos na visão”, explica o oftalmologista.
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