Do portal: www.portaldaoftalmologia.com.br
É assim na vida moderna. Milhões de pessoas no mundo passam o dia inteiro trabalhando em frente ao computador. O smartphone é usado para trocar mensagens, consultar e-mails e acessar a internet. Em casa, dedicamos um bom tempo à televisão e o tablet ainda serve para ler um livro. Já parou para calcular quantas horas você passa de frente para uma tela? O hábito aparentemente inofensivo pode se tornar um inimigo da saúde ocular. Os olhos precisam trabalhar em dobro, enquanto o número de piscadas diminui, levando ao que se chama síndrome da visão de computador (CVS, sigla em inglês). Irritação, ardência e vermelhidão nos olhos, além de sonolência, dor de cabeça, mal-estar e cansaço, estão entre os sintomas do problema, comum em uma sociedade tecnológica.
Ao permanecer horas seguidas em frente a uma tela, é comum esquecer um ato involuntário fundamental para a saúde ocular. “Piscar é necessário para renovar a lágrima, que tem duas funções básicas: proteção e lubrificação. Ela contém substâncias antibacterianas que defendem os olhos de agressão externa e age para umedecê-los, protegendo a córnea”, explica o oftalmologista Elisabeto Ribeiro Gonçalves, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia em Minas Gerais e chefe do Departamento de Retina e Vítreo do Instituto de Olhos de Belo Horizonte. O certo é piscar em torno de 16 vezes por minuto, mas, quando a atenção está focada na tela, o número pode ser quatro vezes menor. Com a redução da quantidade de
lágrima, o líquido evapora mais rapidamente e os olhos começam a ficar ressecados, causando o desconforto característico da CVS.
O assistente da Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte e integrante da equipe do Instituto de Olhos Pampulha Wilton Feitosa Araújo acrescenta que o uso intensivo do computador expõe os olhos aos raios ultravioleta. Assim como a diminuição das piscadas, um dos principais efeitos da radiação, mesmo que seja mínima, é uma baixa na produção e no fluxo de lágrima. “Quando passamos algumas horas em frente a uma tela que emite qualquer grau de radiação, surgem pequenas lesões na conjuntiva, membrana que recobra o olho, e na córnea. Ao fim do dia, elas provocam sintomas como dor de cabeça, olho vermelho e tontura”, esclarece o oftalmologista. Por sorte, a conjuntiva e a córnea são estruturas que se recuperam com facilidade. Araújo destaca que, só de passar a noite com os olhos fechados, o retorno da lágrima facilita a multiplicação das células e a regeneração dos tecidos.
O ar-condicionado colabora para o surgimento de sintomas comuns entre pacientes com CVS. Geralmente, quem trabalha o dia inteiro diante de um computador está em um ambiente climatizado pelo equipamento, que rouba o fluido corporal, inclusive a lágrima, deixando os olhos ainda mais secos. Profissionais que usam lente de contato tendem a ficar mais sensíveis diante do uso prolongado com uma tela, pois a presença de um corpo estranho nos olhos exige uma maior lubrificação. De acordo com o oftalmologista da Santa Casa, pacientes com doenças reumatológicas como artrite reumatoide e diabéticos tendem a apresentar diminuição de lágrima, por isso estão mais predispostos a sentir incômodo diante de uma tela. Devido ao uso de medicamentos controlados, que deixam o olho seco, hipertensos e pessoas em tratamento para depressão engrossam a lista.
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