Do portal:www.f5news.com.br
No dia 26 de maio é comemorado o Dia Nacional de Combate à Catarata e ao Glaucoma. Segundo especialistas, a catarata é a doença ocular que mais cresce no Brasil e o glaucoma a que mais causa cegueira irreversível. O oftalmologista Hilton Medeiros, da Clínica de Olhos Dr. João Eugênio, em Brasília, relata em um artigo de sua autoria que, anualmente, são diagnosticados cerca de 550 mil novos casos de catarata no país. Já o glaucoma, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, atinge aproximadamente quatro milhões de brasileiros.
A oftalmologista do Hospital de Olhos de Sergipe Lydianne Agra (foto abaixo), membro da Sociedade Brasileira de Catarata, afirma que ainda há carência de estudos estatísticos que forneçam números reais de incidência de glaucoma no Brasil e em Sergipe, mas segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) existem cerca de 65 milhões de glaucomatosos no mundo e surgem cerca de 2,4 milhões de casos novos por dia. “O crescimento, tanto no país, quanto no estado acompanha a tendência mundial. Tais números fazem do glaucoma a segunda principal causa de cegueira (a primeira é a catarata, que é reversível) e a primeira causa de cegueira irreversível no mundo”.
Lydianne Agra explica que o principal sintoma da catarata é a baixa da acuidade visual, em geral descrita pelo paciente como uma sensação de turvação da visão. “Esta doença está essencialmente ligada à idade, pois é decorrente na maioria absoluta dos casos do envelhecimento do cristalino, a lente natural do olho. O resultado deste envelhecimento é uma perda visual progressiva, que pode evoluir para a cegueira no caso de não tratamento”, esclarece.
Já o glaucoma, segundo a médica, não exibe sintomas até que a doença esteja bastante avançada, por isso costuma-se dizer que esta é uma doença traiçoeira, além disso, o principal fator que causa a doença é a tendência familiar, por isso a importância de prevenção e diagnóstico precoce. “O sintoma mais comum é a perda visual periférica, chamado de perda de campo visual e não percebido logo no início pelo paciente porque a visão central é preservada até as fases finais desta enfermidade. É importante que pessoas que tem familiares com glaucoma façam exame oftalmológico periódico”.
A catarata e o glaucoma são mais comuns a partir dos 50 anos, no entanto, a especialista alerta que há vários casos que surgem antes dessa etapa de vida e por isso é importante fazer a consulta anualmente, desde a fase de adulto jovem.
“O diagnóstico é principalmente clínico, feito no consultório médico. Na catarata o diagnóstico costuma ser imediato; no glaucoma, em geral são solicitados exames complementares para confirmar as suspeitas que surgem no exame. Estes exames são principalmente o Campo Visual Computadorizado – para avaliar a visão periférica, a Curva Pressórica Diária – para acompanhar a variação da pressão ocular ao longo do dia, e a Tomografia de Coerência Óptica (OCT, sigla do inglês) do nervo óptico – para confirmar as lesões causadas ao principal nervo do olho”.
Cuidados
A principal forma de evitar danos à visão, seja na catarata, seja no glaucoma, é a consulta com o oftalmologista ao menos uma vez ao ano, de acordo com a oftalmologista, para que sejam avaliados os sintomas, solicitados exames e, quando for o caso, iniciado o tratamento. Na catarata, o tratamento é cirúrgico.
“A cirurgia de facoemulsificação (nome técnico da cirurgia de retirada da catarata) é uma das mais realizadas no mundo e hoje apresenta níveis de segurança altíssimos e resultados extremamente satisfatórios, especialmente depois do advento do laser cirúrgico. O tratamento do glaucoma, por sua vez, é inicialmente clínico, com o uso de colírios responsáveis por baixar a pressão do olho, visto que o aumento da pressão é o principal fator associado à doença. Apenas nos casos em que não haja resposta ao tratamento clínico é que se indica o tratamento cirúrgico”, explica Lydianne.
A médica acredita que ainda há desconhecimento sobre estas doenças e falta de conscientização sobre a importância da consulta oftalmológica regular, em especial na prevenção do glaucoma. Ela avalia que a falta de tratamento pode ser fruto de pacientes dependentes do Sistema Único de Saúde, que têm dificuldades ainda maiores de viabilizar esse processo, além de alguns colírios também serem caros. Apesar disso, boa parte do tratamento cirúrgico é coberto pelos planos de saúde. “Campanhas de conscientização são uma excelente ferramenta para trazer o paciente e devem ser mantidas. Muitas vezes é a única forma de fazer com que o paciente chegue ao oftalmologista e que tenha acesso ao tratamento médico, especialmente no que se refere à Saúde Pública”, disse.
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