Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), existem mais de 12 milhões de motoristas acima de 61 anos no Brasil, um número significativo de idosos no trânsito. O Código Brasileiro de Trânsito (CTB) prevê a idade que inicia a concessão para a direção veicular, que é de 18 anos, porém não determina um limite para encerrar a atividade. Dirigir não é um procedimento simples, como muitos imaginam. Para uma direção considerada segura, o motorista depende das funções cognitiva (raciocínio lógico, memória e respostas imediatas), motora (liberdade de movimentos, agilidade e coordenação) e a sensório-perceptiva. Esta última entra em destaque pela importância da visão.
De acordo com o oftalmologista José de Barros Lima Filho, do Instituto de Olhos Clovis Paiva (IOCP), localizado na Boa Vista, Centro do Recife, dirigir pode se tornar complexo quando se chega à terceira idade, principalmente se a pessoa apresentar algum problema de visão: “Enxergar bem é primordial para conduzir um veículo, visando à segurança de quem conduz e de todos os que estão à volta. Para controlar isso, no Brasil é obrigatória a realização de exame oftalmológico”. Além dele, são exigidos os testes de verificação da aptidão física e mental e a avaliação psicológica, previstos em lei. “No caso dos motoristas com idade até 65 anos, é preciso renovar o exame a cada cinco anos; acima desta idade, a periodicidade é de três anos”, explica.
Ainda segundo o oftalmologista do IOCP, problemas na visão podem impossibilitar o idoso de dirigir. A catarata, por exemplo, tem potencial de interferir na realização de algumas atividades e pode levar à perda da acuidade visual, aumentando os riscos de acidente no trânsito. Além disso, a opacificação do cristalino pode diminuir a sensibilidade ao contraste e reduzir o campo visual, mesmo quando o problema acomete apenas um olho. O glaucoma também é outra doença que diminui a visual periférica e a percepção visual, causando prejuízo à direção. “O glaucoma é a principal causa de diminuição de campo visual em idosos”, explica o Dr. José de Barros.
A Degeneração macular relacionada à idade, doença que afeta a mácula e acomete pessoas com mais de 50 anos, e a retinopatia diabética, que atinge 3% da população brasileira com diabetes e representa uma das principais causas da cegueira em todo o mundo, também são responsáveis por colocar em risco a vida de motoristas e pedestres. “O exame oftalmológico anual é de grande importância. Dirigir torna o idoso integrado à família, à sociedade e conectado com o mundo. Um bom caminho é estimulá-lo e deixá-lo motivado”, afirma o oftalmologista José de Barros.
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