Por Renatta Gorga, da Folha de Pernambuco
Apesar de não ser uma doença contagiosa, a Diabetes Mellitus (DM) preocupa cerca de 12% dos brasileiros. Caracterizada pelo aumento irregular do açúcar no sangue, ela manisfesta-se de duas formas distintas. Pelo tipo 1, que acomete crianças e adolescentes, e pelo tipo 2, que é típico em adultos – a partir dos 40 anos – e em pessoas com obesidade. Conforme a endocrinologista do Instituto de Endocrinologia do Recife, Lúcia Cordeiro, a necessidade de acompanhamento, no tipo 1, decorre a partir de dez anos da doença. Há ainda uma relação direta com o controle da glicemia (quantidade de açúcar no sangue). “O paciente que não tem esse controle possui maiores riscos de adquirir problemas na visão”, relatou. Já no tipo 2, o indivíduo deve ter acompanhamento médico uma vez por ano, a partir do diagnóstico da doença.
Mas, como saber se você possui diabetes? Segundo o oftalmologista do Instituto Clóvis Paiva, Luís Fernando Paiva, alteração no peso é um dos principais fatores. “No tipo 1, os pacientes ficam mais magros. No 2, há um aumento do peso. Mas, em ambos os tipos, aumenta-se a ingestão de água e você pode perceber o vaso sanitário. Se tiver com formigas ao redor é porque a urina está doce. Sinal de que você pode estar diabético”.
Também existem fatores agravantes da DM, a depender do período de vida em que a pessoa esteja. Devido a alterações metabólicas, adolescentes na puberdade bem como as gestantes requerem um maior cuidado. Neste caso, há riscos de o paciente adquirir complicações oculares. “Então, é preciso fazer um exame de fundo de olho, que é específico, com a periodicidade de um ano”, relatou Paiva. O oftalmologista também indica uma frequência de seis meses a um ano para que o diabético passe por consultas oculares. “Quanto mais tempo a pessoa tiver a doença, a propensão a ter retinoplastia diabética é maior. Esta é uma doença que pode ocorrer devido à fragilidade dos vasos sanguíneos. Estes podem provocar sangramento nos vasos da retina, levando à redução da visão”. O tratamento, neste caso, deve ser feito pelo controle da diabetes ou com o uso do lazer.
De acordo com a endocrinologista todavia a prevenção nem sempre é possível. “A diabetes tipo 1 não pode-se prevenir porque é autoimune”. Isto é, o organismo não identifica os danos que lhe são causados. Já o tipo 2 pode ser controlado de forma a evitar a obesidade. “É preciso melhorar o estilo de vida, fazer atividades físicas regularmente, evitar comidas com muito açúcar e gorduras”.
É isso que o aposentado Marcelo José Buarque, de 49 anos, procura fazer, hoje, em dia. Aos 19 anos, após os sintomas da doença, ele resolveu fazer um exame para saber o que tinha. “Minha mãe e minha avó já tinham diabetes, então, isso já agravava. Eu sentia muita sede, fome. Também tinha sobrepeso porque a minha (diabetes) é tipo 2. Mas, na época, não se ligava para isso de obesidade”, contou. Há quatro anos, após sentir a visão embaçada foi ao oculista. “O médico viu que as lentes dos meus óculos já não resolviam mais. Eu tinha retinoplastia, então, meus olhos sangravam. Fiz tratamento com lazer, mas não resolvia. Perdi a visão do olho esquerdo e, hoje, só enxergo com 30% do direito”, relatou. A solução que ele encontrou foi a dieta rica em alimentos saudáveis para controlar a doença.
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