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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que no Brasil 33 mil crianças são cegas e que 40% das perdas de visão na infância poderiam ser evitadas ou tratadas. De acordo com o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto, o olho se desenvolve até a idade de 6 anos. Por isso, qualquer obstáculo neste período pode causar danos irreparáveis. O problema é que um levantamento feito pelo hospital, em que o Dr. Leôncio atende, com 37 mil crianças, mostra que 70% das crianças com idade entre 7 e 10 anos nunca foi ao oftalmologista.
O médico afirma que uma das principais causas da cegueira infantil é a falta de diagnóstico de doenças sistêmicas contraídas pela mãe durante a gravidez. Outras são o estrabismo e grande diferença de grau entre os olhos conhecida como anisometropia.
Ele ressalta que contrair na gestação rubéola, sífilis ou toxoplasmose pode desencadear no bebê doenças oculares congênitas. As principais são: catarata, glaucoma e retinoblastoma (tumor na retina). Vacinas e orientação às gestantes sobre a descontaminação de alimentos ainda são as melhores formas de prevenir.
Teste do olhinho e fotos
O especialista destaca que as doenças oculares congênitas podem ser diagnosticadas logo que o bebê nasce pelo teste do olhinho. O exame, embora rápido e barato, é obrigatório em poucos estados. Consiste em focalizar a luz de um oftalmoscópio, espécie de lanterna, em cada olho do bebê a uma distância de 30 cm. Se a luz for contínua indica que o olho é sadio. Se for descontínua sinaliza doença congênita. Queiroz Neto explica que a catarata em crianças é uma emergência médica porque a opacificação do cristalino em crianças impede o bom desenvolvimento do olho. Pelo mesmo motivo o glaucoma infantil também deve ser operado antes que cause danos irreparáveis ao nervo óptico. Já o retinoblastoma, pode colocar a vida do bebê em risco caso não seja tratado logo no início.
A dica do médico é tirar fotos do bebê com flash para confirmar o resultado do teste do olhinho. Caso o reflexo do flash no olho for vermelho indica ausência de doença. Se não tiver reflexo sinaliza alguma doença congênita e necessidade de consultar um oftalmologista imediatamente.
Estrabismo
O estrabismo, desalinhamento dos olhos pode ser diagnosticado a partir dos seis primeiros meses de vida. “Em crianças com desvio ocular, o cérebro anula a visão do olho desalinhado e só o outro olho se desenvolve. Por isso, o estrabismo é uma importante causa da ambliopia ou olho preguiçoso, maior causa de cegueira monocular em crianças”, afirma Queiroz Neto.
Reprodução
O desvio do olho pode ser causado por miopia, hipermetropia ou musculatura ocular assimétrica. O médico diz que o tratamento pode incluir a oclusão do olho de melhor visão para forçar o desenvolvimento do outro, uso de óculos, exercícios ortópticos ou cirurgia. Algumas crianças, comenta, não permanecem com o olho torto o tempo todo. Para checar o estrabismo em casa a dica do médico é fazer o teste de Hirschberg. Consiste em acender uma lanterna e dirigir um facho suave de luz para os olhos da criança. Se o reflexo da luz da lanterna cair simultaneamente bem no centro da pupila dos dois olhos significa que a criança não é estrábica. Caso contrário, deve consultar um oftalmologista.
Sinais de problemas de visão
Queiroz Neto afirma que os sinais de problemas visuais variam conforme a faixa etária. Os principais são:
Nos dois primeiros anos de vida:
– Lacrimejamento.
– Desinteresse pelo ambiente.
– Olhos desviados para o nariz ou para fora.
– “Menina dos olhos” muito grande, com reflexo luminoso, acinzentada ou opaca.
– Olhos constantemente vermelhos e com secreção.
– Tremor constante dos olhos.
– Esbarra com frequência nos objetos e móveis.
Dos três aos seis anos de vida:
– Desvio nos olhos.
– Cai com frequência.
– Assiste à televisão de uma distância muito pequena (miopia).
– Inclina a cabeça para um dos lados (ambliopia).
– Vira um dos olhos para fora quando está distraída (estrabismo).
– Fecha um dos olhos (ambliopia)
– Faz “careta” ou franze a testa para enxergar.
– Queixa-se de dor nos olhos ou dor de cabeça.
– Coça muito os olhos.
– Queixa-se de visão dupla ou embaralhada
– Olhos vermelhos quando esforça a visão.
Dos seis aos sete anos (início da fase escolar):
– Faz “careta” ou franze a testa para enxergar.
– Queixa-se de dor ou cansaço nos olhos e dor de cabeça.
– Coça muito os olhos.
– Olhos vermelhos após esforço.
– Dificuldade em ver o que está escrito na lousa (miopia).
– Chega o rosto muito próximo ao caderno ou livro (hipermetropia).
– Apresenta baixo rendimento escolar.
– Desinteresse na sala de aula.
– É excessivamente tímida.
– Recusa-se em participar de atividades esportivas (miopia).
– Tem dificuldade em distinguir ou combinar cores (daltonismo).
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