Do Portal da Oftalmologia
No Brasil 4 em cada 10 gestantes usam colírio por conta própria. FDA classifica a maioria como medicamento de risco para grávidas
A Organização Mundial da Saúde estima que 3% dos defeitos congênitos sejam causados pelo uso de medicamentos ou drogas durante a gravidez. “Até as gotinhas de colírio, aparentemente inofensivas, podem afetar o bebê”, afirma o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto. Isso porque, em mulheres grávidas a elevação dos hormônios sexuais altera o metabolismo hepático das drogas que ficam mais concentradas na corrente sanguínea. O problema é que um levantamento feito pelo médico com 80 gestantes nos últimos 18 meses mostra que 4 em cada 10 chegam à consulta usando colírio por contra própria.
Para o Food em Drugs Administration (FDA), agência americana que regulamenta os medicamentos, nenhum tipo de colírio pode ser considerado sem risco para o feto por falta de testes com gestantes antes dos lançamentos.
Menor troca de oxigênio e nutrientes
Alguns remédios afetam o bebê pela menor troca de oxigênio e nutrientes entre a mãe e o feto através da placenta. É o que acontece com os bebês da maioria das gestantes que se automedicam. Isso porque o colírio mais usado abusivamente é o vasoconstritor para deixar os olhos branquinhos. Os vasos sanguíneos da placenta também contraem e a nutrição do feto fica comprometida. Embora esta privação não seja suficiente para que o bebê nasça com alguma deformidade, pode refletir na saúde em algum momento da vida.
Para a futura mãe, o uso indiscriminado desse tipo de colírio predispõe à catarata precoce, alterações cardíacas e elevação da pressão arterial.
O especialista destaca que a maioria das gestantes fica com o olho vermelho porque o aumento da produção do estrogênio provoca a síndrome do olho seco. Outros sintomas da síndrome são: ardência, coceira, queimação, visão borrada que melhora com o piscar, lacrimejamento excessivo e sensibilidade à luz. O tratamento pode ser feito com lágrima artificial que não prejudica o feto, ou com uma dieta rica em ômega 3. O nutriente é encontrado em semente de linhaça, castanha do Pará, sardinha e salmão.
Contração da musculatura uterina
Gestantes portadoras de glaucoma devem passar por reavaliação com um oftalmologista. Isso porque, a classe de colírio antiglaucomatoso mais utilizada no Brasil é a dos análogos de prostaglandina que são contra-indicados durante a gravidez. “Este tipo de colírio pode induzir à contração da musculatura uterina, podendo levar à interrupção prematura da gestação”, afirma Queiroz Neto. Já os beta-bloqueadores podem alterar a frequência cardíaca do feto.
Dos medicamentos para glaucoma o mais seguro para gestantes é o tartarato de brimonidina que não revelou alterações em fetos de ratos segundo relatório do FDA. Ele diz que a boa notícia para gestantes é que a pressão intraocular geralmente diminui, principalmente na segunda metade da gestação por causa do aumento da produção de progesterona e relaxina.
Prevenção
Queiroz Neto afirma que qualquer colírio usado na gravidez pode afetar a saúde do bebê. Por isso, recomenda lavar as mãos com frequência, evitar aglomerações, compartilhamento de maquiagem, fronhas e computadores para prevenir a contaminação dos olhos por bactéria ou vírus. Usar colírio antibiótico ou antiinflamatório pode comprometer a imunidade do feto. Adultos que têm astigmatismo e em alguns casos de ceratocone, abaulamento da parte central da córnea, foram bebês expostos a antibióticos durante a gestação ou nos primeiros meses de vida. A boa saúde começa na gestação. Por isso, todo cuidado é pouco neste período.
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