Para a maioria das pessoas, usar óculos será inevitável, um fato natural da vida por causa da presbiopia (ou vista cansada, como é mais conhecida). Na parte anterior do olho localiza-se a córnea e posterior à íris encontra-se o cristalino, lente que juntamente com a córnea são as grandes responsáveis para que os raios luminosos possam incidir adequadamente na retina, levando, posteriormente, à formação da imagem. Com o decorrer da vida, o cristalino perde a elasticidade, normalmente a partir dos 40 anos, impedindo que os olhos foquem tão bem como faziam antes.
Algumas pessoas se adaptam ao uso de óculos, mas outras procuram alternativas para o que consideram um incômodo, principalmente quando apresentam graus elevados ou grandes diferenças entre os olhos. As lentes de contato podem ser uma opção confortável, se usadas com o devido cuidado. “O paciente deve procurar o oftalmologista para fazer exames e passar por um teste de adaptação para o uso de lentes de contato. No dia-a-dia, esse uso requer que se siga as orientações no manuseio, manutenção e tempo de troca”, afirma o oftalmologista Leonardo Bezerra, que atua no Instituto Clóvis Paiva e é especialista em córnea e lentes de contato.
As lentes mais utilizadas são as rígidas gás-permeáveis e gelatinosas. As gás-permeáveis são lentes que permitem um tempo prolongado de uso, acumulam pouco depósito, interferem pouco na lágrima e oxigenam muito bem a córnea. O sucesso da adaptação com lentes gás-permeáveis depende da seleção adequada do desenho da lente e curvatura para personalizar a adaptação para cada condição. É fundamental que a lente se adapte adequadamente à curvatura da córnea e quando isso acontece é percebida uma redução na sensação de desconforto e lacrimejamento, evidenciando um sinal de boa adaptação. Alguns pacientes apresentam patologias que dificultam a adaptação como córneas irregulares, o olho seco e alergias oculares, mas sendo bem avaliados e tratados eles também podem se beneficiar do uso de lentes de contato.
Depois de bem adaptado, o paciente passa a incorporar os cuidados do uso na sua rotina. Problemas podem ocorrer se a lente for mal adaptada, indicadas por pessoas não habilitadas ou compradas em locais de procedência duvidosa. As lentes gelatinosas apresentam diversas marcas de fabricantes, variando o material, oxigenação, hidratação, curvatura e desenho, sendo, atualmente, bastante negligenciadas quanto à necessidade de testes de adaptação e acompanhamento com especialistas o que pode levar a um sério risco para saúde ocular. São frequentes os casos de pacientes que recebem orientação inadequada na indicação das lentes, nos cuidados essenciais, no tempo de troca e na necessidade de acompanhamento com especialista. Elas, geralmente, são bem toleradas desde o início do seu uso, com rápida adaptação, tornando-as adequadas para os pacientes que fazem uso ocasional, em eventos sociais e praticantes de diversas modalidades esportivas.
A lente gelatinosa apresenta desenho esférico ou asférico (correção de miopia e hipermetropia), podendo, ainda, ser tórica na sua superfície anterior (correção de astigmatismos regulares), corrigindo com melhor qualidade astigmatismos abaixo de 3 graus. Para isso, se utilizam de um mecanismo de rotação e estabilização para que se posicionem no ponto correto da córnea. “Quando acontece uma rotação inadequada, o astigmatismo não será bem corrigido e a visão pode ficar insatisfatória, sendo necessário, nesses casos, o ajuste dessa rotação para um melhor resultado de acuidade visual. Quanto ao período de descarte elas podem ser de troca diária, quinzenal, mensal ou anual”, explica o médico.
“Nos casos de córneas irregulares, como ectasias da córnea (ceratocone, cerato globo e degeneração marginal pelúcida), pós-transplante de córnea, pós-cirurgia de ceratotomia radial, pós-implante de anel intraestromal, ectasia pós-lasik e, em alguns casos, após cirurgia refrativa, deve ser utilizada, preferencialmente, uma lente rígida gás-permeável que atua juntamente com a lágrima, regularizando a superfície anterior da córnea, melhorando significativamente a visão”, explica o médico. Nos casos de não adaptação ainda é possível o teste de lentes esclerais, de custo mais elevado, mas que apresentam excelente conforto e qualidade visual, ou até mesmo, em alguns casos bem selecionados, o uso de duas lentes simultaneamente com adaptação à cavaleiro (uma lente gelatinosa por baixo da lente rígida gás-permeável).
O Instituto Clóvis Paiva é uma clínica de olhos no Recife, com outra unidade em Igarassu, atendendo vários convênios, e realiza adaptação para lentes de contato.
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